quinta-feira, 1 de julho de 2010

3º Parte

Não mais conseguiu encontrar paz, depois da hipótese de ser Ele a rapta-la nada mais fazia sentido, embora ela o rejeitasse, dissesse que não o amava e que o queria longe dela, tudo o que ela sentia era o oposto, amava-o como nunca amara ninguém, queria-o por perto como nunca quis ninguém, mas por alguma razão ela não conseguia ser para ele aquilo que ela tanto desejava. E agora? Agora era tarde demais, não sabia o que lhe ia acontecer, não sabia se sairia dali com vida, não sabia sequer se todo o amor que ele sentia por ela não se tinha tornado em ódio por ela o desprezar. Percebeu que tudo o que ela queria sempre esteve ali tão perto, mas que ela nunca tinha conseguido agarrar, e naquele momento tudo o que desejava era poder sair dali para lhe dizer tudo isso.

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Era meia noite, ele entrou no prédio de forma a não ser visto, dirigiu-se ao apartamento dela e com a copia da chave que tinha feito uns meses antes entrou sem dificuldades. Foi directamente para o quarto, sabia que ela não estaria lá, estava tudo organizado como de costume, parou perante o mural com fotografias que ela tinha, e verificou que todas as fotografias dos dois tinham sido de lá retiradas, sentiu um repentino frio na barriga e achou que devia ir directo ao que o levava ali, abriu a terceira gaveta da cómoda onde ela guardava uma carta que era para ele onde ela dizia tudo o que sentia por ele, embora ele soubesse da existência daquela carta ela não sabia que ele sabia, uma vez que nunca lhe chegara a entregar. Foi durante um jantar na casa dele, quando estava no sofá ela tirou a carta da bolsa quando ele foi à casa de banho, porém antes dele voltar algo a fez mudar de ideias, então levantou-se guardou a carta e foi embora.
Antes de sair, viu o vestido preferida dela, e não resistiu em pegar nele, encostou-o à cara, sentiu o cheiro dela ali, e lembrou-se da primeira vez que a viu. Ela estava com aquele mesmo vestido , era Primavera, ele estava a ir para um café no centro da cidade onde trabalhava nas horas livres quando não estava na gravadora , e ela estava a ir para a faculdade, passaram um pelo outro no jardim. Segundo o que ele costumava contar o que aconteceu foi o seguinte:" Eu estava a ir para o trabalho e quando passei no jardim vinha aquela moça, com uns olhos castanhos que me apanharam logo, caminhava suavemente quase que flutuava naquele vestido verde, nunca tinha visto ninguém tão bela na minha vida, a partir daquele momento sabia que estava apaixonado"( na verdade o que ele realmente pensou foi o seguinte: "Oh meu Deus, quem é aquela ? Ela é mesmo boa, ela ainda vai ser minha", é verdade que ele realmente se apaixonou mas isso é outra história.). Segundo ela o que aconteceu foi o seguinte: "eu estava muito bem a ir para a universidade, quando passo no jardim por um tarado atrasado mental que não tirava os olhos de mim, até pensei em tirar o gás pimenta da mochila, tive medo que ele me atacasse"( na verdade o que ela realmente pensou, bem ela de facto pensou que era um tarado e atrasado mental, mas esqueceu-se de dizer que...." bem pode ser tarado, mas até que é bem giro o moço, dava-lhe uma trinca") Claro que nenhum dos dois diz que foi assim, mas essa é a verdade.
Depois disso apressou-se a sair dali, e mais uma vez tomou todos os cuidados para não ser visto.
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Já tinha perdido a noção do tempo que estava ali trancada. Agora parece que se encontrava anestesiada, ignorava as dores que percorriam todo o seu corpo por não poder se movimentar ali dentro, a ideia de que tinha sido ele a raptara esteve dentro da sua cabeça por tanto tempo que já se tinha habituado à ideia, não queria saber. Tinha percebido que a única coisa que a podia ajudar era ela mesma, então começou a pensar em como iria conseguir sair dali,a verdade é que nunca tinha conseguido ver se a parte de fora era um sitio fechado e se depois de conseguir sair daquela caixa iria conseguir fugir dali. A única hipótese que tinha de ver alguma coisa era quando lhe fossem dar comida, precisava de encontrar uma forma de conseguir ver o que estava para lá da caixa.

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