-Cala-te e come!
-Não vais responder à tua putinha ?
Ele hesitou, parecia embaraçado, então respondeu-lhe quase sussurrando - 20, hoje não. Depois voltou a levantar a voz- Cala-te e come!- Fechou a porta e foi-se.
-Estranho, hoje não... Ele não esta sozinho! Ela estremeceu. A ideia de que ele não estava sozinho poderia muito bem significar que de facto quando ele entrava alguém poderia ficar do lado de fora a vigiar. Por outro lado, poderia só indicar que ás vezes ele não vinha sozinho, e isso para ela não era um problema uma vez que ele só a deixaria "soltar o animal que vai nela" quando estivesse sozinho. Agora já conseguiu respirar fundo, e ficar mais tranquila.
-Dia 20 de Dezembro...interessante.
Não só dali a 5 dias é Natal como também é o aniversário dela. De repente o escudo de protecção quebrou-se, ela não O conseguia ignorar, nem sabia ao certo como tinha conseguido até ali. Sem que quisesse a primeira coisa que lhe veio à cabeça foi aquele primeiro beijo.... Tinham-se passado uns meses, naquele mesmo jardim onde o tinha visto pela primeira vez, porém agora já estávamos no Outono. Naquela tarde parecia que tudo estava a desmoronar um pouco mais do que já tinha desmoronado.
-O que estas aqui a fazer Pastilha ?
( o pastilha era o namorado dela na altura, bem devem estar a perguntar quem raio se chama Pastilha ? Bem o nome é uma alcunha que ele ganhou no Secundário e que acabou por continuar com ele pelo resto da vida, até ouvi dizer que ainda hoje ele é conhecido por Pastilha. Bem mas Pastilha vem de pastilha elástica, aquela coisa que se agarra a tudo, roupa, cabelo, cara, e depois simplesmente não larga, aquela coisa que toda a gente pisa e por incrível que pareça quanto mais se pisa mais fica agarrada)
-Estou aqui porque não consigo te deixar sozinha. Preciso de estar ao teu lado.
-Eu já te disse que tenho que ficar sozinha, podes respeitar isso ?
-Eu respeito-te, a sério, mas preciso de estar ao teu lado nas dificuldades.(Ups, parece que agarrou)
-Deixa-me em paz Pastilha! Larga-me por um tempo!
-Eu amo-te, não te posso fazer isso.
-Bem, eu já não te amo, não queria dizer-te isto assim, mas é a verdade, eu preciso mesmo de tempo mas pelos vistos não consegues me dar esse tempo. Agora vai embora.
-É claro que me amas... estás confusa só. Não é ? Estas a dizer isso só para eu ir embora.
-Eu amei-te Pastilha, mas já há algum tempo que não consigo ter espaço para mim, eu tentei dizer-te tantas vezes como me sentia mas tu simplesmente me ignoravas.
-Não, não estas a pensar direito... Não estas bem...Vamos para casa e resolvemos isto.
-Deixa-me em paz ! Não quero ir contigo ! Já te disse isso umas mil vezes mas não percebes.
-Queres sim, e eu amo-te cada vez mais.
-EU NÃO TE AMO, Vai-te embora. Não quero mais ouvir falar de ti, nunca mais te quero ver. Eu acho que só te amei por uns dez minutos, que foi o tempo que aguentas-te sem te colar a mim como uma lapa, agora deixa-me.(Não :O, ele é mesmo como uma pastilha elástica, pisoram e ele agarrou mais, fantástico)
-Bem... eu percebo o que estas a dizer... mas nós podemos resolver isso...Não quero ficar longe de ti.
-Eu não te amo.
-Prova-o, então.
-Ok, eu vou provar e tu nunca mais me vais dirigir a palavra.
Ela levantou-se, olhou para o lado direito, depois para o lado esquerdo, e foi ai que ela viu aquele tarado atrasado mental que ela tinha visto uns meses antes. Não hesitou, foi de encontro a ele e beijou-o, sem dizer nada. E foi assim que tudo começou...o pobre do Pastilha, bem, ele acabou por ficar com a Pastilha, e parece que foram felizes...
-Desgraçado, beija tão bem aquele filho da mãe! Se ao menos não fosse tão filho da mãe...
Mais uma vez chorou, não conseguia ignorar tudo, não agora, não tão perto do aniversário dela. Ela lembrava-se tão claramente...
-Hei! Acorda amor, está tudo branco lá fora, e para além disso hoje é o teu aniversário !
-Bom dia, acordar assim contigo aqui é tão bom.
- Hmm, estás a falar com quem ? está alguém escondido debaixo da cama ?
-Não seu idiota, estou a falar contigo...
-Nesse caso...(esta é a parte fofinha em que se começam a beijar).
-E que tal se um pouco de Bright Eyes ? First Day of My Life ?
-Sabes que eu amo essa música !
- O que achas? Devo andar com os boxers cor de rosa com ET's ou com os pretos com os pintainhos amarelos ? Quero estar perfeito para a tua surpresa hoje à noite.
-Sem dúvida a preta com os pintainhos ! Surpresa ?!
-Ups, eu não te posso contar a surpresa sobre os U2 virem aqui ao apartamento tocar para ti.
-O que ?! Os U2 vem cá ?
-Raios! Eu não te podia contar isto!
-Óh amor....
-Amor eu prometo que no próximo ano vais ter a melhor surpresa de sempre !
(é importante dizer que não foram os U2 lá, mas sim uma banda com sósias dos U2, mas que até tinham jeito para a coisa)
-Desgraçado, como ele pôde fazer-me isto ? Deixar-me assim aqui...Tinhas prometido que ia ser o meu aniversário de sempre e aqui estou eu.
Nunca antes se tinha sentido tão frágil, desprotegida, tão não capaz, dependente de alguém. Devia sentir raiva dele, mas sentia saudades, sentia-se arrependida por não o ter. Cada vez mais lágrimas desciam pela sua cara. Amava-o.
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-Patrão !
-Bom dia Glik !Alguma novidade miúdo ?
-Não, passaram por aqui uns miúdos com um cd com demos, que eles perguntaram-me se podia fazer chegar a ti.
-E o que achaste do cd?
-Até não é mau de todo, embora um dos membros da banda fosse interessante.
-Quem é ela Glik ?
-É só esta miúda, que eu já tinha visto umas quantas vezes, patrão, ela tem umas prateleiras! Qualidade ! Aquilo chama-se qualidade. Ela move-se de uma maneira, tipo aquela água que vem à boca quando vamos ao McDonals e pedimos aquele hamburger, tás a ver ?
-Sim acho que sim ahaha
-Quando ela se move essa água vem à boca ! Ela parece tão apetitosa. Só da vontade de fazer Bang nela. Eu acho que estou apaixonado, por ela e por tudo o que está com ela.
-Eu acho é que gostas de problemas, não é essa que tem namorado?
-Agora que eu ia fazer Bang nela tu vens-me com essas coisas ?
-Muito engraçado Glik, tem cuidado só isso. Disse á Susie do meu plano.
-Primeiro- a Susie não é aquela tua amiga toda boa ?
-AHAHA ainda és um miúdo Glik, cresce e aparece !
-Primeiro: Miúdo ? Eu tenho 19 Mister.Segundo(pondo-se em pontas de pés): Já cresci o suficiente chefe ?
-Muito engraçado Glik, mas acho que estás a fugir do assunto.
-Ah, ela também achou o teu plano suicida ? É porque é como ires para a guerra todo nu e sem armas, se estas à espera de sair de lá com os tomates todos então és doido!
-Vai correr bem ok ? Porque é que ninguém me apoia ?
-Talvez porque tu és mais doido do que eu, e repara: eu estou longe de ter pessoas a apoiarem as minhas ideias brilhantes sobre a existência humana ou a apoiarem os meus planos para engatar mulheres mais velhas e fazer Bang nelas.
-Basta abrires a boca para ninguém te apoiar.
-Essa foi forte, mas tens razão. Para tudo, olha ali fora, alguma vez viste um cu como aquele ?
-Não tens solução.
-Agora a sério, será que tenho hipóteses com a boazona da tua amiga Susie ? A mulher é uma fera.
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Já no final do dia,o telefone toca.
-Isto já começa a durar muito tempo chefia.
-Eu disse-te quando te contratei que o que quer que acontecesse no dia 25 ela ainda tinha que estar ai. Vai ser uma grande surpresa.
-Eu sei chefia, mas...
-Mas nada, faz o que eu mandei e ponto.
-Ok chefia.
-Desculpa, estão sempre a ligar-me. Incompetentes.
-O que fizeste aquela rapariga ?
-Vou lhe fazer a maior surpresa de sempre, ela vai amar.
(ouviu-se do corredor a voz de uma das enfermeiras)-Mr. Harter o horário de visita acabou. A sua visita tem que sair.
-Eu nem quero saber o que estas a fazer.
- Não se preocupe, só é uma surpresa.
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Já tinha chorado por horas, sabia que era difícil mas tinha que conseguir parar de pensar nele, e pensar numa forma de sair daqui. E não era a chorar que ia conseguir isso. Tinha que voltar a entrar em acção com o Gordo, para poder ganhar a confiança dele. Era difícil, mas era a única coisa que ela podia fazer.
A sua cabeça funcionava a uma velocidade recorde, parecia que estava a viver num mundo onde as imagens passam aceleradamente, sempre cheias de pressa à sua frente. Estava inquieta, e cada vez mais miserável, embora o esconde-se de si própria. Ela sempre fora boa a mentir para si própria sobre sentimentos.
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