Estavam no sítio do costume, à frente da loja que vendia vassouras, sim brincavam sempre ali à frente, mas nunca tinham de facto entrado lá dentro, só sabiam que vendiam vassouras, porque costumavam pedir ocasionalmente para tirar as bolas que insistiam em ficar presas de baixo dos carros, ou nos galhos das árvores. Era de manhã. só 3 deles estavam lá naquele dia.
Paulinho: Gente, eu só vim aqui dizer oí, tenho que ir ajudar os meus pais.
Carlos: tá bom.
Luís: Então é só agente hoje.
Carlos: Você não tem escola hoje ?
Luís: Não, hoje não tenho.
Carlos: Então e aí, o que a gente vai fazer ?
Luís: Eu tenho uns jogos lá em casa, vamos pra lá.
Carlos: Ok.
O grupo era formado por crianças que ou vivam naquela rua, ou então os país lá trabalhavam. No caso do Carlos, os pais dele tinham um restaurante naquela rua. E foi pelo facto de os país das outras crianças comprarem lá comida que o levou a conhecer o resto dos meninos. Não sabia muito bem como é que tinha conhecido o Luís, ele morava no prédio por cima do cabeleireiro, e ainda por cima era o mais velho deles todos, tinha já os seus 13,14 anos. Facto é que ele de um momento para o outro começou a andar com o resto do grupo. Era moreno, alto em comparação, cabelo preto e curto. Era ele que costumava fornecer o material para as brincadeiras, bolas, skates... Morava já ali por cima. Parecia boa pessoa.
O apartamento era pequeno, cozinha, dois quartos e uma sala. O chão era revestido com uma cobertura cinzenta, num material que fazia lembrar lã. As paredes brancas, estavam amareladas devido ao sol que entrava por entre os pequenos furos dos estores. também brancas eram as portas. Na sala um sofá cinzento escuro, sentava-se enfrente da televisão, com uma consola de jogos por baixo, rodeada por fios dos comandos que se deixavam pousar em cima da pequena mesinha de centro, com os quais os dois estiveram a jogar, agora no chão do quarto estavam brincando com carros em miniatura, bonecos dos power rangers, all kinds of fun. Devia ser por volta do meio dia. Ouve-se uma chave a entrar na fechadura, a porta abre-se.
Luís: Carlos, rápido, se esconde ai atrás da porta.
Carlos: Ok.
Assim ele ficou atrás da porta aberta do quarto do amigo, o espaço entre a porta e o seu caixilho por assim dizer, permitia-lhe por uma pequena fenda ver o que se passava na sala. De repente, junta-se ao Luís um homem que tudo indicava ser o seu pai. Era alto, forte, tinha óculos e cara de mau, trazia vestida uma camisa e calças de ganga que se mantinham no lugar graças a um cinto. O homem começou a gritar mal viu o Luís em casa.
Pai: Então é isso que você faz enquanto eu me mato trabalhando ? Fica na vadiagem ?
O Luís ia começar a responder, mas o homem nem lhe deu hipóteses. Nunca antes Carlos tinha visto Luís com uma cara tão assustada, o grande exemplo, o mais velho, de repente estava ali, a tremer de medo só devido à presença do pai.
Com uma voz cada vez mais exaltada- Pai: Sabe o que eu fui fazer hoje ? Fui à sua escola. Sabe o que me disseram ? Que você reprovou disciplinas por faltas, e como se não bastasse eu que saí de manhã de casa a achar que você ia pra escola, chego lá e me dizem que você continua faltando. Você acha que me consegue enganar é ? Quanto tempo você achava que me ia fazer de palhaço ? Ahn ?
O Luís só conseguia dizer "Pai, eu... " e era interrompido pela voz forte do homem à sua frente. Carlos tinha a certeza que ele provavelmente já sabia o que ia acontecer a seguir, só não tinha a certeza se Luís não estava ainda mais assustado e humilhado porque sabia que o seu amigo estava ali, a presenciar tudo aquilo.
Agora já aos berros enquanto tirava o cinto das calças- Mas você vai aprender, ai vai vai, e se não é a bem vai ser a mau.
L: Pai, não faz isso, não. Por favor.
A cara de pavor do Luís, ou as suas palavras não afectaram o homem nem por um segundo, mal tirou o cinto, dobrou-o em duas partes, certificou-se que agarrava a parte que tinha o ferro com as mãos e que era com a outra parte que ia bater. Aproximou-se do rapaz, e desferiu-lhe uma chicotada na cabeça.
Luís: Pára pai por favor- dizia ele enquanto colocou as mãos do lado da cabeça, com os cotovelos juntos à frente da cara para tentar se proteger.
Mas o homem não parou, depois da primeira, várias se seguiram, umas na cabeça que agora iam contra os braços, que o rapaz usava pra tentar se proteger, umas no torso, até que agarrou o rapaz, sentou-se no sofá e começou a bater-lhe com força nas pernas e nádegas. Tudo que se via na cara do homem era raiva, ira, ele estava a descarregar todas as suas frustrações no corpo do seu filho, batia pra magoar, não pra ensinar, batia por causa dos seus problemas.
Agora o rapaz já nem dizia nada, só chorava e se contorcia a cada golpe.
Pai : é bom que agora você aprenda, senão vai ter mais. - disse o pai largando-o, dando por terminada a sessão de espancamento.
Mal pode ele se levantou, e foi a correr para o quarto, chorar.
O pequeno Carlos não tinha bem noção do que acabara de ver, como criança que era percebia as coisas, viu que era uma coisa má, e que não era a primeira vez que aquilo acontecia. Não sabia o que fazer, estava assustado, o amigo estava deitado na cama, e ali fora estava aquele monstro. O silencio pairava na casa, ele olhou para o seu amigo que estava na cama, nos olhos de luís só havia vergonha e humilhação.
O pai dirigiu-se ao quarto do filho e foi aí que notou a presença da outra criança ali escondida. Carlos morreu de medo naquele momento. Mas a única coisa que o monstro fez foi dizer-lhe pra se ir embora, abriu a porta da casa e expulsou-o.
Nunca mais os dois rapazes tocaram no assunto.
is this a true story?
ResponderExcluiryes, it is.
ResponderExcluireu li tudo em brasileiro, por isso até nao soou muito dramatico.
ResponderExcluirclever joana.
Bem jogado Joana xD Brasileiro a deixar tudo menos dramático desde sempre ^^
ResponderExcluirpenso em tudo. tiveste uma infancia traumatizante e uma adolescencia encantadora. Espero ansiosamente por testemunhar a tua vida adulta. podes escrever um livro.ahah
ResponderExcluirfizeste-me rir agora. fantástico. Eu tenho medo da minha vida adulta, a sério que tenho. Se continuar no ritmo do resto O.o Olha que tenho histórias estranhas o suficiente para meter num livro. For real.
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