Ela era uma pobre rapariga, casa não tinha pois lha tinham tirado, pais não tinha pois tinham morrido, amigos não tinha porque todos dela se afastavam, dinheiro não tinha porque ninguém emprego lhe dava, vontade não tinha porque achava que merecia morrer, lutar não lutava porque a vida tirara-lhe toda a motivação, à escola nunca foi porque nunca hipótese para isso teve, o seu corpo vendeu para conseguir viver, sozinha estava e sozinha queria continuar. Cedo aprendera a viver sozinha, aos sete não tinha pais, que um assalto levara, aos 8 sem casa ficou pois como a pagar não tinha. Durante 8 anos na rua viveu, saltando de ponte em ponte, com esporádicas passagens por bancos de jardim. Aos 16 o seu corpo vendeu e um quarto de motel conseguiu pagar para viver, assim tinha ao mesmo tempo casa e local de trabalho. Velhos, gordos, nojentos, repugnantes, bêbados, casados, sem escrúpulos, assim eram no geral os homens que frequentavam a sua "casa".
Aos 18.
Era de manhã, sentia-se um cheiro seco, a tabaco, suor e esperma. Era verão, o sol cegava-a ao entrar pela pequena janela da cozinha que era ao mesmo tempo sala, quarto e casa de banho. Tinha acabado de se levantar, no sofá ainda estava deitado um homem. Estava nu, na posição em que estava podia-se ver claramente os pelos anais, e outros pormenores, era alto e gordo, era um advogado falido, já horas se tinham passado mas continuava suado. No chão estavam estendidas todas as suas largas roupas, 3 preservativos já usados, restos de comida, e as seringas que alimentavam o hábito do gordo corpo estendido no sofá. Tudo aquilo dava-lhe vontade de vomitar, estava farta, não aguentava mais. Sentou-se dentro da banheira que estava na mesma divisão que tudo o resto, deixou a água fria correr-lhe pelo corpo, ainda vestida. Sentia-se suja, e na água procurava uma forma de se limpar, mas não importava quantas vezes a água corria pelo seu corpo e percorria as suas disfarçadas curvas, nada mudava. Tinha uma lâmina na mão esquerda, pressionou-a no pulso direito, apenas com força suficiente para que começasse a sangrar, depois atirou-a para junto de um dos preservativos no chão.
Saiu da banheira, "pack,pack, pack" ouvia-se ao mesmo tempo que ela pontapeava repetidamente o indesejado hóspede.
-Vai te foder pêga! Queres mais dinheiro é?
Dito isto, ele viu-se confrontado com um taco de base-ball,mesmo à frente do seu grande e pontiagudo nariz. Ela o guardava ao lado do único armário no quarto, já estava habituada a ter que expulsar variados clientes.
Ganhara dinheiro suficiente para 2 semanas sem atender ninguém.
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