Ora bem, já escrevi isto no domingo, e ia acabar, mas como esta semana ainda não tive tempo vou postar mesmo sem estar acabada, e depois acabo.
Num dia chuvoso, em que o sol teimava em não se mostrar, ou talvez as nuvens teimassem em não permitir que ele se mostrasse contra a sua vontade, bem na realidade qual das duas hipóteses esta certa não é realmente importante aqui. Num dia chuvoso, o cinzento do céu tornava também cinzenta a alma de cada um dos habitantes daquele pequeno lugar no meio de não se sabe onde. Chovia, chovera, estava a chover, e iria chover por tempo indefinido, sem vestígios de luz, sem vestígios de melhora ou esperança.
Como pequeno local que era, também pequena era a sua população, mas as pessoas em si de nada pequeno tinham, pelo contrário, conseguiam ser maiores que as pessoas de qualquer grande metrópole. Mais um vez talvez nenhum interesse isto tenha, não sei.
Como todo o pequeno local isolado do resto do mundo a sua população estava envelhecida, todos os jovens partiam de lá à procura de um futuro potencialmente maior e mais alto, de uma felicidade que achavam ser impossível de encontrar ali. Procuravam movimento, barulho, agitação e uma vida em que tudo está em movimento e nada nunca para. Também Kate assim o queria fazer, queria sair dali, onde sentia que a distância a tudo cortava-lhe as asas e a impedia de voar voos mais altos, mais atrevidos.
Naquele dia cinzento, chuvoso, ela saiu de casa, deixou uma carta de despedida em cima da sua mesinha de cabeceira, dizendo aos pais o que estava a fazer, mas sem dizer para onde ia, pedindo desculpas mesmo sem saber muito bem porque se desculpava por querer procurar a felicidade.
Foi assim que Kate deixou os pais apenas com as lágrimas que derramavam, que deixou os amigos sem aviso prévio, foi assim que Kate deixou para trás toda uma vida.
(Próxima estação: Stargate Streets) ouvia-se no interior do comboio vazio, ou quase vazio. Eram 2 da manhã, estava frio, sentia um aperto no estômago, não só estava nervosa e assustada com o ambiente sombrio e deserto que a rodeava como a fome também já se manifestava.
-GRGHOUNGH- o seu estômago já estava a gritar.
-Preciso mesmo de comer alguma coisa mal saia deste comboio.
(Stargate Streets)Dizia outra vez a voz feminina do Comboio.Ela levantou-se, e com cada uma das suas mãos pegou em ambos os sacos de viagem que tinha trazido. Notara que mal saíra do comboio alguém a seguia, estava com medo e as suas pernas tremiam, agora o estômago contorcia-se cada vez mais. Passo atrás de passo quem quer que viesse atrás dela aproximava-se cada vez mais, ela não se atrevera a olhar para trás, ou simplesmente o medo não a deixou. Estava cada vez mais perto...
-Quer ajuda ?- disse-lhe uma voz masculina e que parecia jovem.
Ela recusou, sem sequer olhar para trás, e continuou no seu passo acelerado.
-Porque está a andar tão depressa? As malas parecem pesadas, tem a certeza que não quer ajuda ?
-Não me faça mal, por favor, eu dou-lhe tudo o que quiser, mas não me faça mal- disse ela com voz tremida.
-O.o Fazer-lhe mal ? Nunca pensei nisso, mas já que insiste em dar-me tudo o que eu quiser, quero que me deixe ajudar com as malas.
-Ela finalmente olhou para ele. Era um rapaz, que devia ter por volta dos 20 anos, média estatura, cabelo ondulado, usava barba, tinha olhos castanho claros e um sorriso simpático. Agora ela já não se sentia assustada, parecia estar perante alguém amigável e não algum tarado querendo viola-la, estava embaraçada por ter feito tal cena, e interpretado tal tragédia grega à frente dele.- Desculpe-me por ter pensado que era um assaltante, é que...
-Não faz mal, quem a pode culpar ? A verdade é que tem sorte que eu não seja de facto um bandido. Não consegui evitar, vi-a no comboio e parecia tão perdida e desenquadrada com tudo isto.
-Onde é que se pode encontrar alguma coisa para comer a esta hora ?
-Hmm, eu sei de um lugar, posso levar-te lá se quiseres.
-Seria fantástico!
-Chamo-me Lucas.
-Kate.
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