quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A casa...

Olá. Tudo bem ? Ehhnnn
Não, quer dizer, mais ou menos. Pode ser que sim, ou não.
Então porque ?
Ahn ?
Vou te contar uma história que pode parecer que já ouviste um milhão de vezes, e só te parece que ouviste um milhão de vezes porque de facto ouviste um milhão de vezes, mas pronto. A questão é. A história segue da seguinte forma: Uma vez no meio de uma praia muito suja e preta, no meio de um rio algures poluído por todo o esgoto do mundo, e mais além, por cima de uma ponte por onde tudo passava havia uma casa, uma casa amarela, com duas janelas azuis, em cada janela existiam dois vasos, um de cada lado. Havia uma porta, e só uma porta, vermelha como o sangue, e à frente da porta estava um tapete que dizia em letras grandes e gordas: "Não é bem vindo neste lugar". O telhado da casa amarela era cor de laranja, que se tornava amarelo à medida que o sol o envelhecia e desgastava. À volta da casa, existia um pequeno jardim, com arbustos que todos os anos pela primavera floriam lindas e grandes vermelhas flores, e relva verde como os teus olhos, mas um pouco mais verde do que os teus olhos. Era bonita a casa. Mas a verdade é que um dia a casa amarela deixou de amarela ser, os vermelhos floridos arbustos deixaram de o ser, as janelas azuis como o céu deixaram de azuis ser, as flores nos vasos em cada uma das janelas deixaram de viver, a casa de telhado amarelo sem tecto ficou. Tudo tinha ficado pintado em cores pretas e brancas, que juntas pintavam um cenário cinzento que cansava a vista e adormecia os olhos. A única coisa que na casa continuou como antes era foi a inscrição no tapete à frente da porta: "Não é bem vindo neste lugar". Por longos anos assim continuou, até que ser dia, um jovem, curioso com o aspecto cinzento daquela casa por cima daquela praia naquele rio naquela ponte. Achou que devia aproximar-se pois todo o cinzento da casa o fascinava, mas o que realmente o fascinava era o porque de tanto cinzento. Chegou à casa e como aviso leu : "Não é bem vindo neste lugar".  Ignorou. Não lhe interessava que não fosse bem vindo, não queria saber de nada, para além de se aproximar o mais que pudesse da casa. E assim o fez, abriu a porta da casa....
.
.
.
.
.
.
.
.
Não é bem vindo... Não é bem vindo... Não é bem vindo.
.
.
.
Era tudo o que ouvira juntamente com o som dos seus passos enquanto andava pela casa sem tecto e sem chão, assustado? não estava.
Não é bem vindo... não é bem vindo... não é bem vindo....
Entrou numa sala sem paredes, onde numa não cadeira sentada estava uma jovem, com cabelos pretos, cara invisível devido a toda a escuridão que ali existia, vestida com um branco vestido comprido e largo. Ela mandou o jovem ir embora, por várias vezes lhe disse: "Sai". Ele ignorou-a aproximou-se dela, e deu-lhe a mão e disse, não faz mal, eu estou aqui. Não existem motivos para te preocupares, e sorriu-lhe. Ela olhou para ele e apertou-lhe a mão, nunca ninguém lhe tinha apertado assim a mão. Ela sorriu de volta. Todas as sombras ali desapareceram, e o seu lindo sorriso ficou exposto à luz do sol que voltou a entrar pela janela que voltou a ser azul, a casa tecto voltou a ter, tal como chão. As paredes levantaram-se as flores floriram e a amarela casa voltou a amarela ser, por cima daquela ponte naquele rio naquela praia por cima do mundo de coisa nenhuma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário