Férias

Foi complicado, cansativo, aliás, ainda nem sequer acabou, ainda há coisas que têm que ser feitas, e muita, mesmo muito pouca vontade para as fazer.
Vou deixar de dizer que já não escrevo aqui há muito tempo de cada vez que de facto escrevo aqui, torna-se redundante, e já deve ser tomado como um dado adquirido.
Em suma, estar na universidade pode ser deveras cansativo, e ao contrário do que se pensa, não se resume a ter montes de tempo livre, e quando de facto existe tempo livre, por norma esse tempo acaba por ser facilmente ocupado por actividades que não interessam a ninguém. Entretanto para alguém cuja vida social tende a ser pobre e vazia, estar numa comissão de latada acaba por mudar isso. Socializar torna-se uma obrigação, o que pode ser incrivelmente irritante às vezes, e outras incrivelmente satisfatório. Sobretudo quando se acabam por conhecer pessoas, que nunca se teriam conhecido de outra forma, e com as quais acabamos por encontrar mais pontos em comum do que os que estávamos à espera. Fora isso, foram tempos de muito trabalho, pouco descanso, e muito tempo perdido.

Agora que finalmente tenho férias, que nem sequer são férias, a única coisa que tenho mesmo vontade de fazer é ler, ler e ler, não sei exactamente o que se passa comigo, mas a leitura ganhou um apelo maior do que o que costumava ter, se antes tinha vontade, mas a preguiça era sempre superior à vontade, agora os papeis inverteram-se. It's a nice feeling. É como criar pequenos novos mundos dentro do nosso mundo, no qual não participamos e acabamos sempre por sair sempre que encontramos naquele pequeno mundo de outras pessoas, coincidências com o nosso pequeno mundo pessoal. It's a fun game.

Coisas da vida

Nunca hei de perceber aquelas pessoas que falam na sala de espera do centro de saúde, já não bastava mal se perceber o que os médicos (sobretudo os espanhóis) dizem naquele altifalante, mas com gente a falar fica praticamente impossível. Mas o que me fascina mais, é a surpresa dessas pessoas quando os médicos vêm à porta verificar se o paciente está ali ou não, e as pessoas ficam todas "oh sr médico, mas eu não ouvi". Claro que não ouviste, estavas a falar enquanto toda a gente está a chamar-te nomes mentalmente. 

Outra coisa que não me entra na cabeça, são as pessoas que andam para ai a 5 km/h, (sim as pessoas conseguem ultrapassar os carros que andam a esta velocidade), mas o que é mais enervante é que o fazem em locais onde não tens hipóteses de ultrapassar, e não estão sequer à procura de um lugar para estacionar!!! Eu percebia isto tudo se essas pessoas estivessem a trollar, a sério que percebia , mas na maior parte das vezes se o estão a fazer escondem muito bem. E depois para além da pessoa que vai imediatamente atrás ficar com aquela sensação de frustração, forma-se uma fila de carros, que desfilam assim a velocidade pedestre. Enfim, acho que estas pessoas são as moderadoras do universo, que tem como objectivo tentar desacelerar o ritmo frenético das pessoas, é pena que corram sérios riscos de ser espancados. 

Fique claro que não estou a falar de pessoas que andam devagar, em termos de andar dentro dos limites de velocidade, como quem anda a 40 na nacional, porque isso percebe-se, e torna tudo mais seguro, mas andar a 5 km/h só torna tudo insuportável. 

Crianças, para mim são o maior puzzle que existe no mundo, com as suas expressões amáveis e inocentes, com os seus olhinhos queridos, assim pequeninos e fofos, com aqueles dedinhos que só conseguem agarrar um dedo de um adulto...é impossível perceber como é que algo com estas características consegue ao mesmo tempo ser um poço de maldade. Não me digam que é curiosidade, ou outra cena qualquer, hoje estava no centro de saúde, e uma criança achou que a melhor forma de passar o seu tempo era destruindo tudo que estivesse à sua frente, e aquilo que estava à sua frente era uma planta (coitada e infeliz da planta), a criança com aquele sorriso, com aqueles olhos a brilhar, estica os dedos e... começa a arrancar desalmadamente as folhas da planta. Dado isto lá foi a sua mãe dizer-lhe pra parar, e pegou nele, a cada oportunidade que tinha, lá ia o pequeno diabinho a correr, para depenar mais um pouco a planta. Isto vai muito além de apenas curiosidade, isto é maldade, é encontrar profundo prazer na destruição e desobediência.

Não costumo ver publicidade...

mas quando vejo, aparecem coisas que me deixam fascinado !!!

"Imodium AD. Pare a diarreia antes que a diarreia o pare a si"
Vamos ser sinceros, ainda bem que eles neste anúncio não resolvem ser muito explícitos...já basta uma pessoa estar confortavelmente a comer e mostrarem pés com pé de atleta, ou pessoas com caspa, agradeço que estes não tenham decidido mostrar diarreia.

o circo e o povo 2.0

Diverte-me ir a Ponte de Lima e ver as ruas infestadas de pessoas desesperadas por diversão, vinho e circo. Muito circo a cima de tudo. Não sei a quem culpar, se é que alguém tem culpa, ou se tudo não passa de uma amostra clara daquilo que é o povo. E de quão hipócrita é gastar dinheiro, passar uma tarde de baixo de sol, para ir ver um circo montado à beira rio, que tem como principal utilidade entreter um povo com fraca mentalidade. Vinho e circo, música miserável, e piadas que não têm classificação possível. A falta de qualidade daquilo que vemos na nossa televisão hoje em dia, é flagrante, mas mais flagrante é a falta de existência e o conformismo em comer sem questionar aquilo que é dado.
E todo o sistema esta montado para que assim seja, os meios de comunicação social como a televisão e radio etc, em vez de tentar ter uma grelha que programas estimulantes e que tenham algum tipo de contributo positivo em termos culturais, cientificos, com informação séria e não sensacionalista, e até mesmo entretenimento, mas entretenimento que não tome as pessoas como burras. É triste, porque em vez disso, a televisão opta por programas que de nada servem, de visualização rápida e descartável, que não estimula o pensamento, e que são de uma futilidade e vazio de conteúdo incríveis. O ensino, ah o ensino...que cada vez tem menos qualidade, que cada vez mais não se preocupa em educar, mas sim em despejar conteúdos de forma aborrecida, não é regra, mas o sistema está montado para que assim seja, e é de louvar todos os professores que conseguem contrariar isso, mas a escola está feita para começar desde cedo habituar os alunos a levar com conteúdo despejado na sua cara, um ensino que não funciona como era suposto. Um ensino que vai se tornando cada vez mais caro, ao contrário da qualidade. Felizmente existem muitos jovens que conseguem mesmo com o estudo que temos tirar o maior proveito do que lhes é fornecido, tenho medo é que não seja suficiente. Povo que não tem educação, é um povo mais facilmente moldável, influenciável, conformista. Pode parecer apenas mais uma teoria da conspiração, vejam isto como quiserem.
Mas o que mais me chateia nisto tudo, não esta no facto do povo festejar, porque o povo pode fazer o que quiser e festejar o que quiser, mas saber que as mesmas pessoas que são capazes de passar uma tarde ao sol, de ter gasto dinheiro pelo menos em termos de transporte para lá, depois, caso fosse preciso sair para a rua e lutar por coisas que importam mesmo, não são apenas circo, são as primeiras pessoas que ficam sentadas em casa, a chamar de vândalos aqueles que tentam melhorar as coisas. E dizem que isso não serve de nada. Chateia-me profundamente. Porque a não ser que estas pessoas vivam num universo paralelo, o desemprego, o aumento de preços, o preço abusivo dos transportes, da electricidade do gás do petróleo em relação ao resto da Europa, o baixar dos salários, as deficiências no sistema da saúde e na educação são problemas reais, e talvez estas pessoas não sejam afectadas por estas coisas, mesmo assim, chateia-me que esta gente seja a mesma que ouvimos a dizer que estão a ganhar apoio social que não precisavam, mas que assim podem usar o dinheiro para comprar coisas que não precisam, enquanto pessoas que precisam mesmo dessa ajuda não a têm.

Querem ser fanfarrões? Sejam. Não podemos dizer que o povo não pode ser feliz porque o país não está bem. Mas seria pedir muito que as pessoas estivessem atentas ? Preocupadas ? Dispostas a fazer alguma coisa ?

O circo e o povo...

É com um grande orgulho que vejo o povo limiano nas ruas, a ocupar grande parte de Ponte de Lima, muito orgulho. Portugueses que saíram da comodidade de sua casa para estar presentes naquilo que era uma causa maior. Celebrar a feira do cavalo, (que muito bem podia ser chamada feira do burro, caso o nome se referisse à espécie que se encontrava pelas ruas), é sem dúvida uma causa nobre, mas mais nobre é festejar a cultura popular da nossa vila, a que dizem ser mais antiga de Portugal, e para isso montar à margem do Lima um grande Circo. Nada me deixa mais orgulhoso do que um povo cujo principal combustível é o vinho, e cujo os principal motivo de revolta é o facto de não haver muita sombra à frente de um palco, (se bem que nem quanto a isto este povo protesta) um palco onde durante toda uma tarde são interpretados em bom playback, todos os hinos que espelham aquilo que é a parolice, não do povo limiano, mas sim o povo português em geral, e não todo o povo, mas uma parte significativa do mesmo. Acho de facto que temos muitos motivos para festejar: cada vez existe mais emprego em Portugal, cada vez os preços de tudo descem, os salários sobem, as empresas abrem e criam empregos para milhares, somos governados por gente extremamente competente, não agora, mas sim desde sempre, entre uma imensidão de outras coisas pelas quais devíamos jubilar todos os dias... De facto não percebo porque não se faz uma festa nacional, criemos um feriado para festejar! Porque não?
O circo, oh o circo. Um circo que ao longo dos anos tem contribuído de forma exemplar para tornar a população mais culta, mais atenta aos problemas do nosso país! Acho que todos devemos muitos agradecimentos ao circo. Todos os noticiários que informam da melhor forma, e deixam o sensacionalismo de parte, e cujos comentadores convidados não se limitam a criticar os políticos mas que dizem ao povo o que está mal, e apresenta alternativas aos problemas; todos os programas sobre cultura e sobre o que de melhor se faz em portugal... todos os programas em horário nobre que procuram enriquecer e estimular o telespectador... serviço de qualidade sem dúvida.
Eu atrevo-me a rir-me daqueles que dizem que Portugal tem problemas a nível económico, quando somos tão ricos, mas tão ricos que podemos salvar bancos a torto e a direito. Rio-me sobretudo porque temos um povo que tem tanto mas tanto dinheiro, que nem sequer se importa dos preços abusivos aplicados no fornecimento de energia eléctrica, combustíveis etc etc... Rio-me dessas pessoas tal como o Governo se ri ao ver estas situações e saber perfeitamente que o povo pode pagar mesmo, e até achar que pode pagar mais, deixando entrar mais empresas da concorrência, para aumentar a competitividade e os preços aumentarem entre todas, sim, andam por aí uns loucos que dizem que isso da concorrência pode levar os preços a um valor absurdo para o povo português, porque a tendência é quando à concorrência os preços baixarem ahahaha não sei de que planeta as pessoas que acham que no estado em que estamos concorrência pode levar a um baixar de preços.
Rio-me das pessoas que dizem que Portugal tem problemas na educação, quando temos visto nos últimos tempos a união que existe entre os professores e o governo, a forma como o sistema de ensino põe em primeiro lugar a melhor educação dos alunos, de forma a termos no futuro os melhores profissionais possíveis.

E ainda andam pessoas por ai a dizer que o povo devia sair à rua, que devia protestar e se fazer ouvir, para melhores condições de vida. Depois daquilo que vi hoje nas ruas de Ponte de Lima, tenho a certeza que o país está no seu melhor, afinal o povo está em festa.
Não me entendam mal, o povo pode continuar a viver a sua vida, mesmo que o país esteja uma merda. Mas o que me revolta é ter quase a certeza que as mesmas pessoas que saíram para a rua para apanhar sol, só pra aparecer na tv, pra ver o circo, sejam os mesmos que se for preciso protestas, ficam em casa sentados no sofá a dizer que está tudo muito bem, que nada está errado, que não se importam de continuar a ser enrabados.

Acho que nunca fui real em nenhum momento da minha vida

Agricultor em formação

Tenho 20 anos, já há cerca de 10 anos que tenho uma relação muito próxima com a agricultura. Embora enquanto criança/pré-adolescente e adolescente o meu papel tenha sido sobretudo secundário. Apenas ajudava em tarefas que fossem de fácil elaboração. Com a idade as coisas mudam, e agora sinto-me um agricultor quase formado.
Na agricultura, o ditado "deitar cedo e cedo erguer dá saúde e faz crescer" podia funcionar como uma máxima, quase uma filosofia de vida, entretanto, é uma espécie de meia máxima, porque só a parte do cedo erguer se põe em prática. Não interessa a que horas te vais deitar, às 5 da manhã estas acordado e desperto para mais um dia árduo de trabalho e aprendizagem.
Vejo-me a mim próprio a levar toda a história do farmville a todo um outro nível. Um dia de trabalho deve sempre começar com um banquete reforçado para haverem forças para o que se segue. Se às 5 e meia não se esta já no campo a trabalhar, já se sabe que vamos ter que trabalhar até horas onde o sol castiga e queima, tornando todo o acordar cedo, numa espécie de mandamento. Desde cavar terrenos, até tirar ervas de milho, ou tirar batatas à mão da terra, há todo um conjunto de actividades muito enriquecedoras, quer para a mente como para o corpo. Sim porque rapidamente descobri que enquanto se executam todas estas actividades, o contacto tão próximo com a mãe natureza nos dá tempo, tempo de reflexão, tempo para pensar na vida (foi mesmo nesse tempo que me lembrei que deveria escrever este texto). É fantástico. Entretanto, exista uma curiosidade muito peculiar que todo o agricultor enfrenta: não importa que andes sempre sem tshirt enquanto fazes as tuas coisinhas, vais SEMPRE ficar com bronze à trolha. SEMPRE. E para os amigos que adoram o Farmville, ou alguma vez adoravam, espero que todos saibam que as coisas não crescem tão depressa como lá, e que tudo envolve extremos níveis de suor, dores de costas, bolhas nas mãos..entre várias outras maleitas, mas o importante aqui é reter que nem tudo é mau, uma pessoa acaba por perder aqueles quilos que tinha a mais, acaba por ganhar aquele músculo que sempre quis, e pode ficar bronzeado, não de forma homogénea, mas pode!
Vejo tudo isto também como uma espécie de preparação para a crise, pois sei, que juntei todo um conjunto de skills nestes últimos anos, que me permitem sobreviver com um pequeno pedaço de terra, posso não me tornar rico com isso, mas sei que pelo menos fome não hei de passar.

E com este texto profundamente emocional me despeço. E venham ser todos agricultores !!!


(ainda estou indeciso em relação a qual tipo de chapéu devo usar como adereço de moda! As minhas escolhas recairiam para um dos seguintes)

Also, primeira bolha nas mãos do ano. tanta felicidade.

Séries...

acho que devem haver umas 4 séries que eu via, e deixei a meio, porque sentia que ia acontecer alguma coisa mesmo má, então parava para que essa coisa má não acontecesse. Acho que é altura de voltar a ver, e deprimir infinitamente